Crianças que não obedecem

Crianças que não obedecem

Crianças que não obedecem

O que chega na orientação de pais

No trabalho com orientação de pais, seja individualmente, seja em em grupo, uma demanda muito presente no relato dos responsáveis, é a dificuldade em realizar alterações na rotina diária, e/ou na condução do comportamento das crianças.

Invariavelmente, ouço queixas do tipo “ele não quer fazer a lição”, “ela vai dormir muito tarde”, “canso de falar, e acabo fazendo a lição por ele”, “tiro celular, mas ela pega escondido”, “a casa fica uma bagunça”, “perco a paciência, dou uns tapas, mas no outro dia, começa tudo novamente”, e por aí vai.

Como resolver? 

Para os que têm esse tipo de queixa, tenho uma notícia boa e outra ruim.

A boa, é que não são problemas de difíceis soluções.

A ruim, é que, quem precisa mudar, são os pais.

O que essas queixas têm em comum, é o fato de que, uma solução efetiva, está mais presente na adaptação dos pais ao lidar com esses desafios, do que na terapia com a criança.

A Teoria e a Prática

Infelizmente, também tenho observado que é muito comum, os pais, ao serem orientados sobre a necessidade de mudança em sua condução das situações, acabam abandonando a frequência às sessões de orientação.

A Ajuda do Grupo

É certo que, em determinados momentos, tudo o que precisamos é de alguém que nos escute ativamente, sem julgar, prestando atenção no nosso sofrimento, ao invés de ficar nos dizendo o que fazer, e apontando nossas falhas.

Por isso, as sessões em grupo acabam sendo muito válidas, pois trazem justamente esse espaço, onde os iguais se reconhecem na dor e se ajudam mutuamente.

A Raiz da Questão

Entretanto, a solução para a demanda trazida pelos pais depende de mudanças, às vezes não apenas no comportamento frente a situação em si, mas em rever algumas crenças, que limitam as possibilidades de reverter a situação de forma saudável e assertiva.

Os pais são os líderes e os exemplos para as crianças, não apenas pelo que dizem a elas, mas também pelo que dizem aos outros, na frente delas, e ainda pelo que não dizem, e principalmente pelo que fazem.

Por exemplo, se, diante de uma fechada no trânsito, o pai xinga o outro motorista, fica irritado o restante do dia, e a criança está no carro, presenciando esse conjunto de comportamentos, sentimentos, reações fisiológicas, ela aprende, tanto sobre como se comportar em situação semelhante, como sobre o pai.

O mesmo serve para bons exemplos, onde a criança testemunha uma conversa coerente e um debate amigável.

O Poder dos Papéis

Ainda sobre a liderança, a hierarquia familiar coloca a responsabilidade e a autoridade dos pais, como fator decisivo na organização da rotina da casa, incluindo horários para comer, para cuidados e higiene pessoal, tarefas domésticas e escolares e lazer e diversão. Essa autoridade precisa ser vivida pelos pais e percebida pelas crianças, de forma que, naturalmente, se mantenha um ritmo saudável no cumprimento e no aproveitamento de cada etapa dessa rotina, que pode ser mais ou menos flexível, de acordo com a estrutura de cada família.

Os Percalços

Obviamente, que em vários momentos, as crianças vão testar seus limites e usarão o que aprenderem com esses testes, como vantagem para se manter mais tempo nas atividades mais prazerosas. Afinal, crianças não são robôs (ainda bem) e, assim como os adultos, se puderem escolher, vão preferir procrastinar e ficar o máximo de tempo possível na zona de conforto.

Mudanças Profundas

O trabalho de orientação de pais é realizado em camadas e segue o ritmo dos pais. Alguns resolvem suas queixas logo em uma seção, mas a grande maioria precisa avançar gradualmente, para poder consolidar as novas estratégias comportamentais, que por sua vez dependem de um desapego das antigas crenças, as quais os impossibilitavam de aplicar as técnicas sem medo, culpa, insegurança, desconfiança, entre tantas outras barreiras emocionais que carregamos como se fossem barreiras que nos impedem de sofrer com coisas novas, nos limitando ao sofrimento ao qual já estamos acostumados.

Transtornos

Há casos em que é imprescindível uma avaliação especializada, geralmente quando a queixa é tanto escolar quanto em casa.

Crianças que não obedecem nem em casa e nem na escola, necessitam uma atenção profissional.

Existe uma série de transtornos aos quais os pequenos podem ser acometidos, como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), TOD (Transtorno Opositivo Desafiador), TEA (Transtorno do Espectro Autista), entre outros.

O Diagnóstico precoce ajuda no tratamento, que traz benefícios ao desenvolvimento biopsicosocial da criança, e aumenta as possibilidades de um futuro mais adaptativo.

Muitos pais têm enorme dificuldade em aceitar que os filhos possam estar enquadrados em um transtorno.

Porém, os que são comprometidos com o bem estar de suas crianças, lidam bem com as circunstâncias e favorecem o bom desempenho do tratamento.

Crianças que não obedecem - Por Darci Montanari

Lembre-se: em caso de sofrimento intenso, procure um profissional.

Psicólogo Darci Montanari

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